quarta-feira, 17 de julho de 2013

"Hoje me deu uma preguiça enorme de ser gente...

Preguiça de lidar com complexos, de entender sinais, de lançar olhares, de falar... pensar, em última instância.
Me deu preguiça de (co)existir. De dividir espaço - de ter de compartilhar um planeta inteiro -, e de tantas outras coisas que, de tão humanas, pessoais, são supérfluas, banais.
Senti vontade de ser montanha em planície; camelo no Ártico, pinguim no Saara e elefante no Atlântico. É mais do que vontade de ficar só... é vontade de ser só numa instância tão profunda que qualquer grau menor de silêncio já fosse ruído. Não me incomodariam perguntas, questionamentos sobre meu próprio egoísmo; talvez nem mesmo a filosofia me atingisse.
E o iluminar do sol seria meu próprio crepúsculo. Existiria na escala mais ínfima em que se pode existir... moléculas, átomos, pó, restos de estrela. Pisando em escaldante superfície banhada pelo meu próprio eu, meu próprio sangue sem formato... acordaria.
E descobriria que ser só é a mais inerente condição de mim."