/ mesmo estando com os pés no chão

 

É como cair profundamente em um penhasco, e você sente o frio na barriga enquanto grita desesperadamente. Mas o chão nunca chega, e a sensação não passa. Você espera a morte, mas ela não vem. Então você para de gritar, mas continua caindo. Só que o fim nunca chega então você passa a viver caindo. Você aprende a sorrir, a dormir e a sonhar, mas no fundo sabe que não vai conseguir nada. Não vai se t

ornar nada, pois por mais que o chão esteja longe, é certo que uma hora chega e que o impacto vai destruir cada pedaço de você. 

Então surgem sentimentos, pequenos depósitos de esperança que aparecem do nada, mas você está tão desesperado, em tamanha agonia que deposita tudo que pode nessa pequena esperança, nesse sentimento que atinge magnitudes incríveis dentro do seu coração, mas que por fora, na realidade, ainda são apenas pequenas esperanças. Que não aguentam a pressão e explodem revelando uma única verdade. Você ainda está sozinho e ainda está caindo.

Você grita mais uma vez, mas por desespero, por solidão. Por se sentir inútil, sozinho no espaço abandonado por Deus e esquecido pelo mundo. Você anseia o fim, mas ele não vem. E um dia o chão te atinge. Mas você não morre. Quebra todos os ossos, mas sobrevive e se recupera fisicamente. Você está sadio, vivo, e com o tempo inteiro. Mas a sua mente não. Ela passou tanto tempo caindo que se acostumou com a ideia. Passou tanto tempo sozinha que tem medo absoluto em se sentir assim de novo. Passou tanto tempo gritando e chorando que muitas vezes para de falar e dessa forma tenta se comunicar, achando que alguém vai intender, esperando alguém intender. Mas o que todos ouvem são gritos, e isso assusta, e mais uma vez a sua mente se vê sozinha e você continua caindo, mesmo estando com os pés no chão. 

 

~ EFAMOS